Os incêndios florestais que assolaram a Ilha da Madeira em agosto de 2024 tiveram um impacto significativo na organização do Madeira Island Ultra-Trail (MIUT) de 2025. Com mudanças nos percursos e a abertura tardia das inscrições, o número de inscritos vai sofrer um natural decréscimo.
A devastação causada pelos incêndios florestais que atingiram a Ilha da Madeira em agosto de 2024 teve repercussões profundas na organização do Madeira Island Ultra-Trail (MIUT) de 2025. Devido à extensão dos danos, a equipa organizadora enfrentou o desafio de reconfigurar os percursos da prova de modo a garantir, acima de tudo, a segurança dos participantes e a preservação do meio ambiente.
Alterações nos Percursos
As áreas tradicionalmente usadas para o MIUT, que antes proporcionavam paisagens deslumbrantes e um contato único com a natureza intacta da Madeira, foram severamente afetadas pelas chamas. Trilhos icónicos, florestas densas e cumes majestosos tornaram-se zonas de risco, com perigo iminente de deslizamentos e queda de pedras. A necessidade de evitar essas áreas queimadas levou à reformulação dos percursos MIUT 115, MIUT 85 e MIUT 60.
Esta reconfiguração não foi uma tarefa simples. Envolveu um trabalho minucioso de análise e a colaboração com diversas entidades locais, incluindo a Instituição Regional Florestal e equipas de segurança especializadas, para garantir que os novos trajetos mantivessem o espírito desafiante da prova, mas sem comprometer a segurança dos corredores.
Além disso, foi essencial garantir que os novos caminhos escolhidos minimizassem o impacto ambiental, evitando zonas de regeneração natural e permitindo que a flora e fauna locais pudessem recuperar sem interferências adicionais. Estas mudanças reforçam o compromisso da organização com a segurança dos participantes e a sustentabilidade do evento
A alteração de maior impacto é a não passagem pelos maiores picos da ilha – Ruivo e Areeiro. O percurso da prova levará os participantes por São Vicente, antes de seguirem pela estrada até Ponta Delgada — a única alternativa viável para esta parte da corrida. De Ponta Delgada, o percurso retorna aos trilhos, passando por Boaventura, São Jorge e Ilha. Após Ilha, os participantes irão em direção ao Pico Ruivo. Sem alcançar o cume, virarão à esquerda para descer em direção ao Pico das Pedras, passando pela Achada do Teixeira no caminho.
Impacto nos Atletas
Os incêndios não apenas alteraram os percursos, mas também afastaram alguns atletas da competição. A mudança repentina nos trajetos e a necessidade de se adaptar a novas condições desafiaram os competidores, que tiveram de se preparar para um percurso diferente do esperado.
Outro impacto significativo foi a abertura mais tardia das inscrições devido às alterações nos percursos. Com as inscrições a rondar os 2.500 atletas, muitos competidores, que planeiam as provas e deslocações com antecedência, não puderam ajustar os seus planos, resultando numa redução no número de inscrições para a edição deste ano.
Resiliência e Adaptação
Apesar dos desafios, a edição de 2025 do MIUT demonstrou a resiliência e a capacidade de adaptação tanto dos organizadores como dos atletas. A comunidade desportiva e os residentes locais mostraram um espírito de solidariedade, colaborando para garantir que o evento pudesse prosseguir de forma segura e sustentável.
Os incêndios florestais de 2024 serviram como um lembrete da vulnerabilidade das paisagens naturais e da importância de adotar medidas preventivas contra incêndios futuros.
Fotos: Tiago Nunes; João M.Faria