O Trail Running, que conjuga simultaneamente o gosto pela corrida e a exploração da natureza, é uma das modalidades que mais tem crescido nos últimos tempos. Alimentação e suplementação adequadas são factores determinantes para uma boa performance dos atletas.
Sabe-se que as provas desenrolam-se em terrenos com desníveis desafiantes e, por vezes, em condições ambientais extremas. Algumas têm duração superior a 4 horas e os atletas, muitas vezes, têm que ser autodidatas, e levar consigo todos os alimentos e suplementação que irão necessitar durante o decorrer da prova.
É importante salientar que a preparação adequada da alimentação e suplementação durante a prova poderá fazer toda a diferença, pois uma má gestão da quantidade e qualidade alimentar pode reflectir-se numa quebra da performance. Assim, é necessário garantir um equilíbrio energético entre o que é ingerido e o que é gasto, tendo em atenção que o atleta não deve experimentar nada de novo antes e durante a prova.
Sabe-se que os hidratos de carbono (HC) são a principal fonte energética durante o exercício físico e por esse facto deve existir um planeamento (quantidade de HC a ingerir) não só durante a prova mas também antes da prova. Desta forma, um dos cuidados a ter é treinar o intestino pelo menos 1 mês antes do evento competitivo, ou seja, realizar alguns treinos com ingestão de HC (ex: géis e barras de cereais).
É importante fazer uma gestão dos HC sem comprometer a hidratação, a ingestão de HC (em provas de duração superior a 2 horas) previne a hipoglicémia, mantém elevadas taxas de oxidação de HC e aumenta o tempo até à exaustão. Recomenda-se um fornecimento de 60g de glicose e 30g de frutose por hora (rácio 2/1), sendo que para provas mais longas o ideal é fornecer acima de 90g de HC/hora nas primeiras 6 horas.
Já o pequeno-almoço deverá ser previamente testado. Alimentos de baixo índice glicémico reflectem-se num aumento do tempo de exaustão. Esta refeição deverá ser feita 3-3h30 antes da partida, devendo conter 1g HC/kg peso corporal e 1g de proteína por 4g de HC.
Problemas gastrointestinais ocorrem com frequência, especialmente em provas de longa distância. Os problemas parecem ser individuais e talvez geneticamente determinados, mas também podem estar relacionados com a ingestão de soluções com elevada concentração de HC, bebidas hiperosmóticas, bem como a ingestão de fibras, gorduras e proteínas. Atletas de endurance devem tentar minimizar a desidratação e limitar as perdas de massa corporal através da transpiração a 2-3% da massa corporal.
Os líquidos e os eletrólitos são factores importantes para o exercício de endurance, uma vez que a perda de líquidos resulta na diminuição do rendimento desportivo. Para que a ingestão de líquidos seja próxima das perdas que ocorrem, é importante conhecer a taxa de “sudação” do atleta, devendo esta ingestão ser feita de forma gradual.
A autora tem desenvolvido vários trabalhos na área do acompanhamento nutricional na prática desportiva, sendo também autora de vários artigos nesta área e oradora em vários eventos. A Drª Lusmar Rodriguez integra o quadro de especialistas da Clínica Becare.